Apesar de apresentar um mecanismo simples e tradicional de funcionamento, o sistema de freios, um dos mais importantes entre os itens que fazem parte da segurança ativa de um veículo, ganha evoluções continuas em sua estrutura, com peculiaridades em termos de tecnologia que se diferem entre as marcas e os modelos que rodam por aí. O conjunto de freio a disco deslizante, desenvolvido pela TRW para equipar os modelos Toyota Corolla e Fielder, é um desses exemplos. "O sistema de freio à disco contribui por aproximadamente 70% da força no processo de desaceleração do veículo, já que, normalmente é instalado nas rodas do eixo dianteiro, onde a força de frenagem precisa ser maior, por isso a necessidade de contar com um bom equipamento", explica William Bueno, consultor técnico da TRW. De acordo com a empresa, o sistema de freio à disco que equipa o Corolla nos eixos dianteiro e traseiro proporciona melhor eficiência de frenagem, graças à incorporação de molas laterais (shims), suportes metálicos alojados entre as pastilhas e o cavalete, permitindo um deslizamento uniforme e com pouco esforço do material de atrito.
"Essa tecnologia impede desgaste irregular das pastilhas e o torque residual, quando as pastilhas ficam encostadas no disco, fator que causa superaquecimento e desgaste prematuro das peças, ou seja, perda de desempenho na frenagem", complementa.
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Outro destaque é o sensor de desgaste de pastilhas, um dispositivo metálico que funciona como um diapasão musical. No momento em que o material de atrito atinge o mínimo de espessura, o componente encosta no disco e faz um som de vibração, que anuncia a hora de efetuar a manutenção do conjunto. Os freios a disco deslizantes do Toyota Corolla contam ainda com pinos-guia diferenciados, sendo que um deles é emborrachado para eliminar eventuais ruídos.Sempre eficiente
A manutenção ideal do sistema depende de fatores primordiais, como revisão periódica, fluido de qualidade e uso de peças e kits originais em eventuais reparos. Esses cuidados garantem o funcionamento perfeito e a durabilidade do conjunto, além de evitar problemas no futuro.
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| Dispositivo para efetuar a sangria |
A recomendação da TRW é fazer a revisão do sistema a cada 5 mil km e checar o estado das pastilhas e a espessura mínima do disco, descrita na própria peça. Vale a pena verificar também as condições do pistão, coifas e pinos, além ficar atento aos intervalos de troca de fluido, que deve ser efetuada a cada 12 meses.
"Sempre que fizer manutenção nos freios aproveite para trocar o fluido. Utilize as graxas apropriadas, faça a sangria e o pré-assentamento correto antes de entregar o carro para o cliente", alerta o consultor.
Por dentro
O primeiro procedimento para revisar o sistema de freios é retirar o conjunto do veículo e levá-lo para uma bancada apropriada. Trabalhe sempre com a peça fixada na morsa, para evitar acidentes e avarias durante o manuseio.
1) Remova os parafusos que prendem a carcaça do freio no suporte (cavalete). Em seguida, retire a carcaça e as pastilhas. Depois desencaixe as molas laterais com cuidado e solte os pinos-guia, que facilitam o deslizamento da carcaça.
2) Tire o cavalete da morsa e coloque apenas a carcaça para desmontar. Agora, retire o conjunto pistão e coifa com a ajuda de ar comprimido. Observe os cuidados dessa operação: prenda a peça na morsa, não a segure quando injetar o ar comprimido, não exagere na pressão e coloque uma pastilha como calço para amortecer a saída da peça.
3) Com uma espátula de ponta arredondada desencaixe o anel de vedação do pistão. É recomendável que toda vez que desmontar o componente troque o anel para evitar vazamento de fluido.
Montagem
A colocação das peças segue a ordem inversa da desmontagem, observando alguns cuidados, principalmente em relação à lubrificação. Os componentes devem estar limpos e livres de impurezas na hora da montagem, para isso utilize álcool na limpeza e o próprio fluido de freios para lubrificação das peças.
1) Antes de instalar pistão na carcaça é necessário lubrificar a peça com fluido de freio e certifique-se de que está bem encaixado .
2) O pistão e a coifa são colocados juntos, para isso, encaixe a aba da coifa no alojamento correto e empurre o pistão com cuidado. Não bata com martelo.
3) Ao montar os pinos, observe a marca chanfrada no suporte e encaixe desse lado o pino emborrachado. A graxa utilizada nos pinos é do tipo sintética GLK, própria para não danificar a coifa. Não use graxa grafitada pois contem mineral e dilata a coifa, permitindo a entrada de impurezas, o que causa desgaste prematuro, ruídos e folga, comprometendo o funcionamento de todo o conjunto.
4) A pastilha do diapasão é instalada no lado interno da peça, do mesmo lado dos pinos-guia. Vale lembrar que de acordo com as especificações de segurança a pastilha não pode ter menos que 2 mm espessura.
6) Quando trocar a pastilha retifique ou troque o disco de freios e não esqueça de fazer a sangria do sistema depois da manutenção. Troque o fluido de freio e faça o pré-assentamento.
Pré-assentamento dos freios |
Antes de entregar o carro para o cliente faça o procedimento de pré-assentamento adequado para evitar barulhos, empenamento de disco e perda das pastilhas. Não deixe o freio esquentar nas dez primeiras freadas. Acelere até 70 Km/h e pise no freio suavemente até que o veículo desacelere para a velocidade de 20 km/h. Repita a operação dez vezes. O assentamento total é obtido com 300 km rodados em trânsito urbano. Não acione o freio bruscamente para evitar as "queimadas", que causam pontos duros no disco (azulam) e espelham as pastilhas, fazendo com que a resina se transforme em gás, devido à alta temperatura, que pode causar ineficiência do freio. |
Dicas do Fabricante |
- Engraxe corretamente os pinos-guia com a graxa adequada, obtida juntamente com o kit de reparo. O uso de graxa mineral, como as grafitadas, pode dilatar as coifas e permitir a entrada de impurezas, o que causa desgaste prematuro e travamento dos pinos. | - Não retire a borracha do sangrador, que proteje contra a entrada de água na abertura superior e possível quebra do sangrador e perda da carcaça. |
- Se o pino-guia travar no cavalete não aqueça ou fure a peça, apenas substitua-a. | - Não monte o conjunto sem as molas laterais (shims) para não deixar folga entre as pastilhas, gerando barulho, desgaste prematuro nos componentes e comprometimento do sistema. |
Não deve-se pintar as pinças pois as tintas são de base mineral e atacam as coifas, dilatando as borrachas e causando danos nos pinos e no pistão. | - Evite pintar os componentes de borracha, pino-guia e anel de vedação, uma prática utilizada em veículos tunados, porém não indicada. |
Sintoma | Causa | O que fazer |
Ruído | Pinos-guia com folga excessiva | Substituir |
Rodas presas | Pinos-guia emperrados
Flexível parcialmente obstruído
Retorno insuficiente da pinça | Substituir/Lubrificar
Substituir
Substituir / reparar |
Veículos puxando para os lados | Êmbolo (pistão) do freio a disco ou pinos-guia emperrados
Flexível obstruído | Substituir / reparar
Substituir |
Freio assoviando | Disco de freio em mau estado | Substituir ou retificar |
Vibração no pedal ou no volante | Disco de freio e/ou cubo de rodas empenados | Substituir ou retificar as peças |
Pedal baixo | Lonas e pastilhas não assentadas adequadamente
Fluído de freio com validade vencida | Assentar, frear por 300 km moderadamente
Substituir o fluido de todo o sistema |
Queda do nível de fluido | Vazamento em algum ponto do sistema | Reparar o sistema e trocar o fluido |
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